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A revolução está em NÓS.

25/04/2012

Comemorou se hoje mais uma data histórica em Portugal, o 25 de Abril de 1974. Independentemente do modo como foi comemorada esta data, uma coisa é certa, graças á revolução em causa, cada um de nós pode faze-lo como entender. É um dos direitos adquiridos. Não querendo fazer uma exposição histórica do seu significado, do 25 de Abril, prefiro nesta data fazer pequenas reflexões sobre os dias de hoje e os dias de então. Como todos sabem, atravessamos hoje momentos socio-economicos e mesmo políticos, de extrema dificuldade. É uma das consequências do 25 de Abril. Recordo que Portugal, em tempos de ditadura, sempre passou ao lado de todo o que existia pelo mundo, tenha sido guerras ou prosperidade económica. As revoluções acontecem quando existem na sociedade grandes desigualdades entre classes. A fome, a precariedade, o desconforto, a falta de prosperidade são alguns dos fortes factores que podem ser indiciadores de uma revolução. É sempre bom estarmos em alerta.

Do estado castigador ao estado protector, o Portugal de hoje é muito diferente de então. O conceito de estado social implementado por países da Europa ocidental é hoje um dos grandes pesos que atravessamos. Implementado em alturas de grande prosperidade económica, hoje é um fardo que as actuais economias não conseguem suportar. Em Portugal o estado protector é mais um estado atrofiador tendo seus tentáculos em todas as áreas estratégicas não com uma cultura de regulador mas sim como portas que não se abrem a uma prosperidade que todos desejamos.

Para aqueles que se querem identificar como donos do 25 de Abril, estão hoje com indícios de falta de lucidez sobre o seu significado. A maior diferença entre a democracia e a ditadura é o dono da liberdade. Em democracia o dono da liberdade somos nós próprios mas atenção, a nossa liberdade acaba quando interfere na liberdade do próximo. Ao contrário do que muitos pensam, a liberdade não é um direito tão adquirido como se pensa. A falta de transparência, a falta de rigor, a falta de comunicação dá-nos a ligeira sensação de querer ocultar o que não deve ser ocultado. Temos hoje a noção de que vivemos momentos de grande corrupção mas na realidade a informação que vamos tendo sobre casos de grande corrupção em Portugal, deve se ao 25 de Abril. Em ditadura o rácio de corrupção é muito maior, mas como não existe fuga de informação, porque a liberdade tem dono, parece nos que não existia. Muito pelo contrário.

O Portugal de hoje é muito diferente, pelo menos em imagem, de outros tempos. Mas a revolução ainda não acabou. Existem muito para fazer, muito que discutir, muito que implementar. Não são as grandes obras públicas, entendido por alguns como um grande dinamizador da economia, mas sim “obras” ao nível do reformador, do qualificador e de uma economia mais próspera. Repare que ainda hoje o nível de escolaridade da população é preocupante, independentemente dos biliões que se gastou e se continua a gastar. Muito se tem de fazer em relação á educação em Portugal, porque a democracia só funciona se houver participação daqueles que vivencias esses tempos. Na realidade a falsa qualificação que se anda a certificar é um factor que contribui para uma democracia menos democrática.